
Essa rosa que encara meus passos,
É rosa de não sei quem. De quem é?
Fustigada por outros pés passantes,
Parece-me tão tristonha quanto ontem.
"És tua essa rosa flagelada moça?
Faz mal perguntar-te enquanto
caminhamos lado a lado? Para
onde caminhas sem teu canto?"
Essa rosa tão esfarrapada me
intriga ao longo do caminho diário.
O chão será seu sepulcral destino,
Que terrível flagelo! Pior não imagino.
"És tua essa rosa que perde perfume
dia a dia, moça que ao meu lado caminha?
Aceitá-la-ia mesmo com pétalas sem vida?
Ou me abandonarias no caminho também?"
Não vejo mais rosas por aqui florescer,
É tão solitária quanto a minha primeira
hora do amanhecer. Mas essa moça que
ao meu lado caminha, poderia saber?
"Essa rosa que se inclina e chora em
choro orvalhado, merece mãos cuidadosas,
Merecem a tua carícia que para mim
se mantém misteriosa. Onde está a rosa?"
"Moça que caminha ao meu lado,
fizeste-me perder o tino das coisas,
Descuidei-me da rosa tão descolorada,
Será que outros pés a puseram enterrada?"
"Vejo um ponto vermelho sob a terra!
Ajuda-me moça a recolher a rosa que
tão bela era. Toma-a em tuas mãos e
faz milagre jamais visto. Faz isso por ela!"
Essa rosa em frangalhos ainda vive.
A moça que caminha ao meu lado
lhe devolverá a força vital. E na próxima
manhã, fará da terra pisada um roseiral.
Essa rosa em mãos desconhecidas,
Essa rosa que ainda respira vida,
Fará do caminho meu e da moça
que comigo caminha, um belo entardecer.
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