Espera, Araci. Espera o sol.
Espera a chuva, Araci, que ela
É tua amiga, tua saída,
Espera o peixe, esquece o anzol.
Espera na curva, amiga. Espera.
Espera com as mãos estendidas,
Espera a colcha que não seca,
Fecha os olhos, abre as mãos.
Quando amanheceres desiludida,
Quando te irritares a arruaça da cria,
Espera que a vida um dia te cega,
Levando-te pro mar sem fim.
Espera no barquinho, minha amiga,
espera.
Espera que uma hora o vento te leva.
E quando de súbito deres por ti,
Não haverá espera, nem Araci, nem sol.