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OLHOS NO ABISMO (Wilson Macêdo Jr.)























Entre o vago espaço de um e outro cigarro
Habita uma lágrima.
E se você pudesse me ver agora tão assim,
Talvez uma lágrima em teu rosto rolasse.

É um milagre haver saída nesse beco,
O muro é tão alto e tão áspero
Que as minhas unhas se despedaçam
Enquanto você está do outro lado.

Um dia existiu alma e coração,
Existiu paz, calor e sorriso.
Hoje não há nada além de raiva,
                  Além dos meus olhos encarando o abismo.

QUEM SOU EU? (Wilson Macêdo Jr.)



















A tua vida me pertence?
O teu acordar me faz sol?
É mais certa a ilusão da luz
Que me cega e me faz procurar
Tuas mãos no escuro.

A minha vida lhe pertence,
E está esmagada em tuas mãos.
O teu socorro é nulo e utopia,
É mais fumaça do que fogo,
E me faz sufocar na escuridão.

Nado contra uma maré de culpa,
Deslizo meus dedos numa lâmina afiada
Chamada desespero.
Quem sou eu? Quem sou eu?
Se eu não sei, ninguém deve saber.