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O NOME DA TRISTEZA

Se tristeza tivesse nome, teria o meu.
Que bem digam os poetas embebidos em dor.
Que cambaleiam entre um verso e outro,
E em um verso ou outro sempre se encontram.
Seja na chuva que arde sobre a pele,
Ou sob o sol que congela a pobre alma.

E se tudo em segundo torna-se o fim o mundo,
As caminhadas de olhares noturnos profundos,
Tornam-se cúmplices da magia do furor.
Não és mais poeta inocente e calado,
Faz das veias caminhos mais que sanguíneos,
Passam por ali nada mais do que rancor.

Se tristeza tivesse nome, teria o meu.
Vivo eu entre os tempos do que foi um dia,
A doce lamúria das partidas e ilusões,
Que se inclinam e se vingam pelo esquecimento.
Chamaria de maldita a manhã malfada,
Que trouxe desesperança ao que era sonho.

E bater em retirada é mais difícil,
Quando se nota uma lágrima derramada,
Queimando a face que espelho foi.
E sonhar sonhos de um segundo apaixonado,
Torna o momento, vapor do que era água,
E se transforma em chuva ávida por chão.

Se tristeza tivesse nome, teria o meu.
Ainda que vozes e sorrisos me alertassem,
Com doce desdém os maltratava. Amigos meus.
Ah... a tristeza já entranhou-se no meu ser,
Vagarosamente torna-se parte de mim,
Nada pode desfazer tal laço enlaçado assim.

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