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A TEZ DO MAR (Wilson Macêdo Jr.)


Sinto o hálito quente da desesperança.
Nas brumas que habitam a verdade,
Corro ao som de meu grito sem liberdade,
E todo segundo despedaça-me como lança.

O que era toque de sutil reciprocidade,
Torna frio o cálice que derrama sangue,
Esparrama os anos perdidos em mangue,
E escapa-me a famigerada claridade.

Soturno como de Saturno os anéis,
Estou envolto à minha própria arte.
Vivo exilado como se aqui fosse Marte.

Agora é tão tarde para dúvidas cruéis,
É melhor precipitar-me de uma vez,
É melhor imergir e tornar-se do mar a tez.

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