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ETERNIDADE INGLÓRIA (Wilson Macêdo Jr.)

Ainda que eu gostasse de mim,
Ainda que eu suportasse minhas quedas,
As circunstâncias do áspero ato de amar
e as árias das vadias palavras inquietas,
Não justificariam o purgatório do estupor.

Mesmo que eu sobrevivesse um século,
Ou até mesmo infindos cem anos e meio,
Seria eu um vadio morto-vivo, suspeito,
E culpado pelas desgraças causadas pela
humanidade, que nunca me foi aceitável.

Ainda que eu chorasse rubro como os santos,
Ainda que me esfacelassem numa cruz tal a sacra história,
O olhar da pérfida multidão seria pronto despistado
A outro crucificado mais dolente. Morreria eu abandonado.
Sou eu o próprio carrasco da minha eternidade inglória.




1 comentários:

Bravo, poeta! Bravíssimo!