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CLARIVIDÊNCIA (Wilson Macêdo Jr.)
























Ah... Essa tal clarividência que me torna tão cruel,
Que me esculpe em argila podre já secular e morta,
Não faz  hoje de mim alguém que quis ser outrora.

Essa minha clarividência que mais parece idiotice,
Transformou-me em ruínas, um casarão empoeirado,
Que dia-a-dia desfaz-se até virar pó. Resto poetizado.

Maldita é minha sóbria visão das coisas, que tão docemente
Embriagada em rigor, tradição e fantasia rebelde,
Some nesse mundo onde os sonhos são parte do inconsciente.

Essa estridente clarividência que torna a manhã mais alva,
Leva a baixo as minhas intenções de voar rumo à brisa,
De olhar e reconhecer-me num rio e em sua correnteza calma.

Essa sobriedade disfarçada de retidão, cala-me a boca e o verso,
Cospe em minha cara e me faz lembrar quem realmente sou.
Esse ser maldito, malfadado, ultrapassado, decrépito.  

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