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SAL E SALIVA (Wilson Macêdo Jr.)



Embriago-me em sal e saliva,
Alimento-me da raiva nociva,
Bebo do veneno que é doce.

Esse veneno encorpado e tinto,
Que engulo, trago e sinto,
Torna-se a essência de mim.

Pateio e despejo no denso ar
Tudo que em mim habita:
As minhas vergonhas distintas.

De requinte são meus dilemas,
De repente me vejo do alto,
De joelhos a dizer que não.

E despeço-me num abraço
Marítimo e tão agridoce.
Sou agora um artefato do mar.

1 comentários:

Junior,
A pluralidade poética é algo magnífico. A poesia que despoja melancolia é capaz de expressar tamanha beleza.
Parabéns!
Dê notícias, sumido!

Graça Matos
www.inquietalitera.blogspot.com