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AMO (Wilson Macêdo Jr.)






Amo a lâmpada que apago,
O cigarro que acendo,
Amo o trago despachado
Para o pulmão sedento.

Amo sem entender as aves,
Sem entender os reveses.
O que sustenta o pesado?
E o que faz cair o que é leve?

Ando amando mesmo amuado,
Mesmo pela sorte liquidado.
Mas também amo em pé,
E sempre espero bem acomodado.

Faço frente ao retrato,
Não o meu, não o teu,
É aquele amarelado.
Só o observo estupefato.

Amo os segundos seguintes
da nossa morte horizontal.
Amo os pesares, os contras,
Odeio os prós, abomino as contas.

Grande são as batalhas gris,
As mazelas encouraçadas
Pelos olhos que nada vêem,
Além da luz que os apaga.

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